quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Vilão ou mocinho?

Diferente do que você imagina, sal pode ser encontrado em várias formas e sabores.


Quem já não ouviu o comentário: "Ela é linda, mas é tão sem sal!". Essa frase mostra bem como este ingrediente faz parte diretamente do sabor no dia-a-dia de todos. O sal existe nos mares, nos continentes, nas células e em tantos lugares que a vida sem ele, não teria a menor graça.
Além daquele sal bem branquinho e refinado existem inúmeros outros tipos, retirados de lugares tão distantes e pouco povoados, que experimentá-los se torna uma experiência pelo menos interessante!
Sal azulado, vermelho, dourado, negro, verde, flor de sal, sal grosso, sal marinho... Qual destes tipos você mais gosta?O nome químico do sal da cozinha é cloreto de sódio, ou seja, é um elemento composto por cloro e sódio. O elemento que causa a hipertensão arterial (pressão alta), não é o sal, mas sim o sódio que está presente em sua composição.
1 g de sal de cozinha = 400 mg de sódio
Segundo a Organização Mundial da Saúde, o ideal é não ingerir mais que 2 g de sódio por dia (ou 5 g de sal), mas o brasileiro consome, em média 12 g de sal por dia ou seja, mais que o dobro de sal e sódio recomendados.
O culpado desta quantidade absurda de sal que comemos todos os dias não está só no sal que adicionamos nas preparações, aquelas pitadas na carne, no feijão e arroz. Como o sal também é um excelente conservante natural, a indústria alimentícia utiliza-o em diversos produtos como congelados, enlatados, produtos em conserva, molhos prontos, biscoitos, achocolatados, macarrão instantâneo, frios, embutidos e até em doces e o excesso de sal (sódio) é ingerido e nem percebemos. Bolacha doce com sal? Sim! Você já percebeu?
Ai vem a grande preocupação mundial... Como controlar essa ingestão enorme de sódio?
Existe uma negociação da ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) junto com o setor alimentício para reduzir a quantidade de sódio em alguns alimentos como pães, salgadinhos e embutidos, até 2016 e com isto diminuir a ingestão de sódio pela população, mas não adianta ficar esperando. Temos que agir já, todos os dias, mudando pequenos hábitos.
Para controlar os velhos e bons hábitos, algumas dicas podem te ajudar:
- ler a quantidade indicada de sódio no rótulo de cada alimento industrializado. Depois você multiplica este valor por 2,5 para saber quanto de sal existe naquele produto. Lembre-se, consumir até no máximo 5 g de sal por dia. Vá somando os valores que você consumir ao longo do dia para saber quanto você está habituado a ingerir. Garanto que você vai ficar abismado com a enorme quantidade de sal que consome.
- comparar as tabelas nutricionais dos alimentos industrializados, antes de comprá-los, para garantir que o produto que você está levando contenha menos sódio e gorduras e mais fibras.
- Fique atento com os produtos com mais de 600 mg de sódio a cada 100 g de alimento pois este valor é muito alto e prejudicial à saúde
- Você pode também retirar o saleiro da mesa ou mesmo não abrir aquele sachê de sal para temperar a salada. É preferível colocar um pouquinho a mais de azeite, limão ou vinagre e não usar o sal para temperar sua salada, por exemplo. No começo você vai estranhar e sentir falta do sal, mas insista. O corpo acostuma sempre com tudo que oferecemos. Aos poucos vá tomando consciência que além de fazer mal ao sistema circulatório, o sal retém líquido, deixa a pessoa inchada e sem disposição.
- Em casa, tenha sempre à mão um molho à base de ervas frescas ou secas e tempere desde salada até o bife do dia-a-dia. Você nem vai sentir falta do sal.
Preste atenção em algumas combinações perigosas:
- os molhos industrializados para salada merecem atenção por terem alto teor de sódio e comprometem os benefícios da ingestão dos vegetais.
- petiscos daquele happy hour: azeitona, salame, queijo e alguns molhos que os acompanham como catchup, mostarda, maionese e shoyu. Riquíssimos em sódio!
- em pequenas quantidades 184 e 230 mg por dia, o sódio não oferece nenhum problema e até tem benefícios para o organismo para executar atividades simples como andar e respirar.
- campeões em sódio: embutidos (como salsichas, presunto e salame) e desidratados, como sopas prontas e macarrão instantâneo com tempero. Temperos como caldos de galinha e carne, molhos para salada, shoyu e molho inglês. Alimentos em conserva prefira consumi-los apenas 1 vez por semana em pequenas porções. Alimentos doces, como biscoitos recheados, chocolates, guloseimas e refrigerantes, inclusive os light e diets, que usam sacarina e ciclamato em sua composição, também têm altos níveis de sódio.
- se você não possui problemas renais e encontrar na sua cidade substitua o sal de cloreto de sódio por sal de cloreto de potássio. Este não possui sódio em sua composição.
- na dúvida, sempre prefira alimentos naturais e frescos no lugar dos industrializados. O hambúrguer pode ser feito com carne moída e ervas em casa. Uma macarronada, por exemplo, fica muito mais saudável se você preferir o macarrão tradicional ao instantâneo separar os tomates, o alho e as ervas, preparar o molho e evitar o produto industrializado, que é riquíssimo em sódio. Também evite comprar refeições prontas para aquecer, como as carnes cozidas ao molho, pizzas e lasanhas, pois geralmente têm alta quantidade de sódio.
Light: possui menos da metade de sódio encontrado no sal branco refinado. De sabor um pouco amargo.


Flor de sal: esta é conhecida como uma das mais delicadas versões de sal. O ideal é acrescentá-lo após o preparo, quando o fogo já estiver desligado. É capaz de realçar o sabor, sem fazer com que o alimento perca sua característica original. Possui muito magnésio, iodo e potássio. É formado nas superfícies das salinas e, por causa dos ventos nas salinas a flor de sal fica com aspecto de pequenos cristais. Apesar de produzido em diversos locais, o mais famoso é o da região de Guerande, norte da França.


Sal defumado: a aparência cinza revela um gosto levemente adocicado. Bastante produzido na França, lá o sal é defumado pela fumaça fria proveniente da queima de barris de carvalho usados no envelhecimento de vinho. Mas tem quase a mesma quantidade de sódio do sal comum.
Sal líquido: este sal é obtido pela dissolução de sal marinho em água mineral. Tem sabor suave e pode ser adicionado a todos os alimentos, principalmente em saladas. Esta versão salga menos, e tem menos sódio que os convencionais.
Sal marinho: é uma alternativa mais saudável que o sal refinado, pois contém menos aditivos. Este sal é obtido pela evaporação da água do mar, é obtido a partir de rochas e por isto possui conteúdo mineral dando um sabor diferente do sal de mesa.
 
Sal negro: este tipo de sal também é conhecido como Kala Namak e é obtido em reservas naturais da região central da Índia. Além da cor ser totalmente diferente do sal tradicional, o sabor também não é nada comum e, para muitos, lembra o de gema de ovo. Sua textura é crocante e muito solúvel e, por isso, é ideal para ser adicionado aos molhos, saladas e massas.
 
Sal rosa do Himalaia: encontrado no Himalaia, uma região que já foi banhada por mar. O tom rosado se deve aos minerais presentes nele, como o ferro e o manganês. O sabor não é muito diferente do sal comum.

Sal do Havaí: nesta região o sal é rosado. Rico em ferro, preserva o sabor ferroso de forma suave. A quantidade de sódio é alta e deve ser consumido de forma moderada.


Sal grosso:
 os cristais grandes preservam as propriedades dos alimentos e evitam o ressecamento. É usado principalmente para temperar as carnes dos churrascos.
 
Uma dica bem bacana é fazer o famoso sal temperado ou sal de ervas ou sal caseiro!
Misture partes iguais de ervas secas que gosta tipo alecrim, manjericão, manjerona, orégano, sálvia, hortelã, salsinha, cheiro verde. Feito isso junte a mesma quantidade de sal (qualquer sal) e bata no liquidificador. Guarde em um recipiente de vidro com tampa e use-o no lugar do sal comum. Você estará diminuindo a quantidade de sódio a que estava acostumado, de uma maneira mais saudável! Ah, outra coisa... antes de juntar o sal, costumo esquentá-lo em uma frigideira para que ele perca um pouco a umidade e não fique empelotado no pote de vidro.

 
*Daniela Meira é nutricionista e produtora de culinária do programa Mais Você. Para saber mais receitas e outras dicas de alimentação, conheça o blog Informações à Mesa (http://danielameira.blogspot.com)

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